quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Jovem Down realizou sonho de ter um trabalho com carteira assinada, conquistou sua independência e almeja crescer profissionalmente


Há oito meses, o jovem Cláudio Aleoni Arruda, de 22 anos, mantém uma rotina semelhante aos milhões de trabalhadores brasileiros: acorda cedo para ir ao trabalho e só volta para casa no final do dia. O que, para muitos, pode parecer algo comum, para ele e sua família é uma grande conquista, já que Cláudio tem síndrome de Down. Isso porque, mesmo com a lei de cotas abrindo o mercado para quem tem uma deficiência, segundo dados do Ministério Público do Trabalho as pessoas com deficiência intelectual são as que mais sofrem discriminação no trabalho. E o Censo 2000 do IBGE apontou que cerca de 69% das pessoas com deficiência mental são consideradas inativas, aposentadas precocemente como incapazes para o trabalho.

Cláudio pode ser considerado uma exceção à regra que, infelizmente, ainda prevalece no mercado de trabalho. E ele dá duro e se aplica para que esse quadro mude e as pessoas e empresas valorizem mais o potencial de quem tem uma deficiência. Contratado com registro na carteira de trabalho pelo restaurante Applebee's, na unidade do Shopping Morumbi, em São Paulo, trabalha na função de assistente de serviços gerais. "Eu ralo muito, todo dia, ajudo todas as pessoas da equipe. Dia 8 de outubro, quando eu fizer um ano de trabalho, vou tirar férias."
Integrado à equipe e com ambições em atuar diretamente no atendimento aos clientes, Cláudio ainda faz treinamento duas vezes por semana como assistente de meseiro (garçom). Aplicado, leva para casa mais uma tarefa: estuda o cardápio para se familiarizar com os pedidos e poder atender o público. "Gosto de atender as pessoas, de falar com elas. E também para mim é melhor ser meseiro porque posso ganhar mais."

Cláudio conta que é muito bem tratado no trabalho - tanto por colegas e por clientes. "Sou bem tratado, com bastante respeito Meus colegas me ajudam a treinar para eu poder ser promovido. Treino às segundas e quintas com os clientes. Eu levo refil, os pedidos. Os clientes perguntam quando eu entrei Applebee's , me elogiam e, às vezes, escrevem bilhetes."
Todo esse potencial é fruto do apoio e confiança que sua família sempre teve nele. Mesmo que o amadurecimento das pessoas com deficiência intelectual seja mais lento, o ambiente de poucas oportunidades e a superproteção familiar pode tornar as pessoas inseguras quanto à própria capacidade. "O trabalho com dignidade desenvolve autonomia financeira, maturidade, responsabilidade e, principalmente, inclusão social, permitindo exercitar a cidadania com seus deveres e obrigações", afirma a mãe de Cláudio, Lisabeth, que sempre fez questão de que o filho estudasse em escolas regulares. "Ele é uma pessoa extremamente feliz e realizada, em busca de seus ideais."
A família também apoiou a decisão de Cláudio de interromper os estudos depois que se formou no ensino fundamental, aos 17 anos, para que ele oudesse se dedicar mais a sua paixão, os cavalos, e pudesse competir. "Fui para a escola com 1 ano. Sempre estudei em escolas regulares e tive muitos amigos e namoradas. Resolvi não fazer o colegial porque queria competir na hípica. Hoje faço aulas particulares e queria fazer o EJA (educação de jovens e adultos), mas tenho meu trabalho e as competições na hípica, por isso vou deixar para o ano que vem."
Cláudio já pensou também em fazer faculdade, mas considera que seria "um pouco difícil". Agora, além da promoção no trabalho, ele quer ser campeão de hipismo. "Gosto de cavalos desde pequeno. Ganhei uma égua aos 5 anos e me apaixonei. Ela chama Borboleta e me ensinou a montar na fazenda do meu avô. Comecei a treinar na hípica com 15 anos e já ganhei muitas medalhas. No meu quarto tenho uma coleção de medalhas e de troféus das provas." Ele conta que começou competindo no plano com os obstáculos no chão. Depois, passou para obstáculos de 40 cm, onde foi campeão de ranking interno na categoria sênior. "Acertei o tempo ideal, zerei na prova, não derrubei nenhum obstáculo e fui campeão. Ganhei uma bota de pelica que uso até hoje!" No momento, Cláudio compete na categoria fundamental da Regional Metropolitana da Federação Paulista de Hipismo saltando 60 cm. "A competição é forte, entre todas as hípicas e tem bastante pessoas."
Hoje, Cláudio se considera independente. "Tenho salário, conta no banco, viajo com meus amigos do Carpe Diem. Foi no Carpe Diem que aprendemos como é a vida de morar sozinho, andar na rua e de ônibus. Quero, um dia, fazer um curso de equoterapia para ajudar todas as pessoas que tem deficiência. Este é meu sonho de trabalho."

BATE-BOLA
Signo: áries
Religião: Catolico
Música: Amigos
Livro: Enciclopédia do Cavalo
Cor: preto
Estação do ano: Verão
Viagem inesquecível: Barretos e Beto Carreiro
Amigos são coisas para eu guardar
Família é legal
Limitação é vencer dificuldades
Preconceito é eu já passei isso também
Sonhar é alegria
Uma mensagem para os brasileiros: Todas as pessoas tem que conhecer a verdadeira alegria que acontece na vida da gente

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